quinta-feira, 16 de junho de 2011

A MACROECONOMIA DE MANTEGA

Notas da Fazenda

A MACROECONOMIA DE MANTEGA

Sou assinante da revista “Brasileiros”, publicada certamente para elevar o astral da ainda-mais-do-que-nunca-sofrida-classe média, que coo-nesta e sustenta os ganhos de Palocci, Delúbio e outros inominados zíngaros petistas, e brasileiros que surfam na crista da onda financeira global, ascendendo alguns a um lugar entre os mais ricos do planeta. Vem de longe esta síndrome de dependência de mecenas, de letrados e líderes de ocasião. Dá pra encher mesmo o coração de delíquios de amoroso patrio-tismo. O número 46 que acabo de receber destaca em “seminário” a gloriosa escalada do crescimento dito desenvolvimento sustentável do nosso país, antes ignorado hoje proeminente, porque “o crescimento dos últimos anos não gera desequilíbrio macroeconômico”, na afirmação do ministro Mantega. Aliás, vê-se muito bem que esse cidadão não influi na política econômica do país, e pouco entende do ramo. Valem e impres-sionam mesmo as decisões determinativas, pretensamente regulatórias do Banco Central, que lhe é submetido hierarquicamente, mas não o escuta. Só para lembrar, o presidente do BC no Governo Lula, era presidente de um banco nos EUA, lá morava. Sem nenhuma vinculação ou militância po-lítico-partidária foi eleito deputado federal pela oposição no Brasil. O Consenso de Davos (o de Washington trouxe FHC), que os monitora, decidiu que ele renunciasse ao seu mandato e assumisse a presidência do Banco Central, o que ele fez, e o metalúrgico presidente prontamente o aceitou como tal. E lhe entregou o poder. Ficou “o cara” no jogo-faz-de-conta-da-cidadania, das relações internacionais multilaterais,etc.etc.

Na linha destas minhas considerações, sem títulos acadêmicos ou burocráticos, nem tutela e representação empresarial, arrisco achegas de preocupações que destroem os sonhos de um pobre nordestino, sofrendo como eu o doce exílio campesino, assustado com o noticiário dos jornais das redes de televisão, perdendo noites de sono. Pois bem, ex-ministros, mega-empresários, tecnocratas (sempre comprometidos) deitaram falação ex-catedra. O meu amigo do passado Maílson da Nóbrega (tempo de funcionário do Banco do Brasil, colaborador da revista sousense “Letras do Sertão”, com o artigo “Petróleo” no número 26 de dezembro de 1963) afirma que “O país se tornou previsível...”, fruto de uma luta heróica e sem tréguas para conquistarmos através da Lei 2004 a defesa e propriedade do nosso petróleo, derrotando os trustes que ambicionavam dele se apropriar, como ele escreveu. Vale a pena conferir. O jovem Joesley Batista, presidente da JBS (desconheço do que cuida), com fotografia e tudo, certamente com acento de tenor na voz explicita: “A combinação do capitalismo com a democracia é algo muito poderoso” e brinda com champanhota como noticiaria o saudoso Ibrahim Sued. Falou muita gente.

Agora vamos para a ignorância, o despreparo intelectual de minha parte. A reportagem seduz na policromia da impressão em papel de fi-níssima qualidade, beleza das fotografias, das ilustrações, da galera exul-tante. Nada de preocupação. Os suplementares estímulos gráfico-esta-tísticos são mostrados para afastar os incrédulos. Tudo está ali: dados econômico-fiscais, cambiais, tecnologia, produtividade, legislação, arti-culações gerenciais, de agrupamentos, política, religião, agro-negócio, comodities, etc  o Mercado enfim. Tudo lhe favorece. Uma alegria geral como só vejo por aqui nos bons invernos, na corrida do peixe, no coletivismo comunitário, na gratuidade na oferta. Diabo que vivemos no mesmo mundo, somos filhos do mesmo pai e diferenças nos separam! Não nos entendemos, tudo nos afasta. Uma nova Babel?

Entrego-me a raciocínios e rememorações. Ocorre-me o montante da dívida nacional recebida por Lula em torno de 600 bilhões e passada para Dilma aproximando-se dos 3 trilhões de reais, pagando os juros mais caros do mundo (uns pagam entre 1% , 3%, 5% e nós brasileiros pagamos mais de 10% a.a.) chegando a 200 bilhões cada ano. Daí o apagão cultural (patentes) e educacional comprovados na qualidade do ensino, na falta de professores, na carência de infra-estrutura para efetivação da adminis-tração, a absoluta miséria que domina a saúde pública, a destruição do meio ambiente, a queima da reserva florestal, o esgotamento das potencialidades agrícolas e minerais, a corrupção irrefreável.

O clima de guerra civil que domina a cena brasileira, numa situação semelhante a que vive a vizinha Colômbia com as FARC, que subjugam espaços inteiros no território do país, onde não podem chegar ações go-vernamentais; a criminalidade entre nós que se manifesta incontrola-damente no interior e nas capitais, nas menores cidades e nos campos, alcança favelas miseráveis e condomínios milionários fechados. Comprovo tal afirmação com a operação da Favela do Alemão (uma entre muitas dezenas existentes no Rio de Janeiro e milhares e milhares no país) que exigiu a formação de pessoal, meios e armamentos modernos das polícias federal, militar e civil, bombeiros, do Exército, da Marinha e da Ae-ronáutica, da Força Nacional, numa operação só vista nas guerras do Afeganistão, do Iraque, para resultado de pequena significação. E o restante do país, ficará à mercê da indiferença ou total impotência do governo?

Para finalizar, indago: é esse o crescimento que “não gera dese-quilíbrio macroeco-nômico” de que fala Mantega? E esse é o poderoso resultado da “combinação do capitalismo com a democracia”, a que alude Joesley Batista?..............

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