terça-feira, 23 de agosto de 2011

Notas da Fazenda


EDUARDO SUPLICY, CRISTOVAM BUARQUE E OUTROS DESLOCADOS
                                                                            Eilzo Matos
No Brasil 92% das escolas dispõem de computadores nas salas, mas somente 4% são acessíveis aos alunos. Deu na TV. Eis um país verda-deiramente glorioso e destinado ao milagre do futuro! Negócio para quem vende, incerteza para quem se destina.
A ascensão feminina, entre nós, entregou aos homens as tarefas domésticas. Quando alguns insistem na representação vaidosa da socie-dade, mostram-se desajustados, deslocados. É lamentável, mas é preciso reconhecer. No Senado, gaguejando Eduardo Suplicy justifica erros do governo, parecendo um avô gá-gá coonestando as bandidagens dos netos; Cristovam Buarque com os olhos roídos (na incontida vaidade de tudo saber e definir) reedita o samba do crioulo doido, e propõe introduzir na Constituição uma cláusula pétrea garantindo o direito do cidadão à fe-licidade. Verdade mesmo. Por seu turno, enrolado como o falecido e primoroso Pita prefeito de São Paulo, Lindberg Farias acena com a pos-sibilidade de equilíbrio na luta entre os contrários na sociedade. Cer-tamente absorvido na pintura da cara, não lhe sobrou tempo para a leitura de texto que supúnhamos do seu conhecimento: A Miséria da Filosofia, de Karl Marx. O remédio é esperar, para ver no que dá. 
O Estado, historicamente, não se tem revelado como entidade ética no seu fundamento filosófico apenas o anunciam como tal. Seria algo pretendido, platônico como na teoria da caverna, ou aprioristicamente kantiano? Indago-me: errada compreensão de conceitos de minha parte, ou equivocada avaliação da história?
As teorias sobre o nascimento do poder ou o direito de governar, remontam ao conhecimento da origem dos fenômenos instintivos e na-turais colônias de bactérias, florestas, aglomerados minerais, socie-dades dos homens. Todavia, elas ainda decidem e determinam ali-mentadas, movidas pela necessidade material de compensação. Daí a inegável atualidade de Rousseaux, de Malebranche... Nada, entretanto, freudiano ou nietzcheano simplesmente experimentação ou manifesta-ção dialética da evolução no relacionamento entre indivíduos e entre estes e instituições, algumas adrede organizadas. Vivemos, lamenta-velmente, a Era das Reticências... Da dissimulação, diria melhor. Aí está o PT no poder, governando. A esperança resta na coragem de Dilma que vem de longe, não costuma tergiversar.
Porventura a intuição indica e explica a realidade objetiva? O que vem a ser conduta socialmente relevante, válida também do ponto de vista do indivíduo? Uma prática recente, leviana, valorizada pela midia, criou o sentimento de coletivização “globalização” de identidades a inclusão social. Perdeu-se o indivíduo? E as sociedades organizadas rea-lizam o interesse de um, de alguns, ou de todos?
Tratando de tempo historicamente recente, falaram os soviéticos no internacionalismo proletário que permitiria a construção da paz, da de-mocracia, algo fundado no marxismo-leninismo; e também destinado à realização de um projeto; seria este, o fruto da intuição ou do revanchis-mo, ou da imprudência? Eu pergunto.
Vi na TV (sempre ela), um renomado ator negro afirmar que dis-cordava do sistema de "cotas" asseguradas aos afro-descendentes para ingresso na universidade. Ideal para ele seria a conquista de espaço disputando com todos, inclusive com os brancos (justo racismo, não?). Re-conhecia, entretanto, que era necessária a melhoria e mudança radical para aprimorar as instituições de ensino localizadas nas áreas pobres, na periferia geralmente onde moram os negros.
Tal não se vê, nem é o que a ideologia dominante estimula e pratica, muito menos permite. Pedagogia inadequada e ineficiente na periferia, eis a questão. Não seria o caso de reciclar tais escolas, ou de assegurar somente, indiferentemente a presença dos seus titulados capengas, entre os das melhoras escolas?! A nova ordem mundial, recentíssima, para confundir incita e excita a circulação de novos conceitos que se des-mentem na sua realização e na própria origem. Que fazer? Buscar em Lênin, Gramci, FHC, Lula a sua explicação?
Primeiro foi a dissimulação da “Lei Fleury” para diminuir o recolhi-mento de detentos no sistema prisional sobrecarregado.  Agora a “Lei da Rendição” (expressão minha), quando a prisão diária de milhares de infratores das normas penais, esgotou de fato a capacidade do Estado de prender e recolher delinqüentes em prisão fechada. Faliu, capitulou o estado nacional. A operação Morro do Alemão confirma o meu comentário. Ora, reuniram exército, marinha, aeronáutica, polícia federal, bombeiros, polícia civil, polícia militar, força nacional para ocupar uma favela, entre milhares existentes no país, em idêntica situação de insegurança. E as demais, as ruas e praças centrais e suburbanas, as localidades rurais que vivem o mesmo problema?!    ............................