DORGIVAL TERCEIRO NETO
A minha lembrança
de Dorgival Terceiro Neto sustenta-se na sua crônica de estudante no
colégio de Patos, depois hóspede da Casa do Estudante em João Pessoa -
quando a Paraíba começou a conhecer e admirar a fortaleza do seu caráter
incorruptível. Daí pra frente a índole, o temperamento definiram o
cidadão que permaneceu impoluto como convém a todos, ao homem público
principalmente. Não privei de sua
convivência no período de sua vida estudantil. De uma geração, um
pouqinho mais nova, e estudando no Recife, pessoalmente não o via, mas a
sua legenda chegava aos meus ouvidos nas terras pernambucanas. Era o
sertanejo que não traía a fala e os hábitos. Autêntico. Conheço gente de
Sousa que fala "axs coisaxs".Tipos também chiam aqui de João Pessoa. Dá
pena. Conheci Abelardo Jurema, o velho, que morou a vida toda no Rio de
Janeiro e não tinha esses tiques na pronúncia. O Abelardinho pode chiar
porque nasceu e criou-se no Rio. Dorgival não chiava. Mas o meu
conterrâneo João Estrela falar "axs exscolaxs" faz pensar que a sua
popularidade política tem aí suas raizes, porque desconheço outro mérito
intelectual ou profissional que o destaque. E como administrador
público nem se fala. Antonio Mariz achava que a risada de Zé Dantas
acabara a liderança de Jacob Frantz em São João do Rio do Peixe. Não
encontrava outra explicação. Isso me disse muitas vezes, matutando
métodos para as nossas campanhas eleitorais. Mas voltando ao caro
Dorgival, assinalo a sorte, o destino que o fez vizinho de moradia, nas
proximidades do Clube Cabo Branco, do matuto-político-escritor Zé
Cavalcanti. Acocorados os dois na calçada eles conversavam como bons
sertanejos. E os moradores do bairro passavam e os cumprimentavam, e não
viam nada demais. Como governador Dorgival era o mesmo homem: reto,
digno, beradeiro. Sousa e a família Mariz lhe devem a pesquisa que
descobriu no João Belchior Marques Goulart um "Marques" de Sousa, que
mandou para os pampas bachareis ilustres que lá se fixaram como Benedito
Marques da Silva Acauã, parente também do nosso jurista Antonio Elias
de Queiroga. A cidade de Sousa alardeou por muito tempo a sua
performance política na Camara, no Senado, no Governo do Estado. Faltava
a Presidência da República. Pois Dorgival ilustrou a nossa tradição com
a sua pesquisa, que lhe conferiu o exercício do mais alto cargo da
Nação. Os marizistas comemoraram. Muito mais tenho para dizer, mas o
farei noutra oportunidade. Finalizo chamando a atençaõ para os vultos
ilustres que Taperoá tem dado à Paraíba: cito Ariano Suassuna, Dorgival
Terceiro Neto, Manelito Vilar e Balduino Lelis. Por enquanto.
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