JOÃO
BERNARDO DE ALBUQUERQUE E O BRILHO DAS LETRAS PARAIBANAS
Morou em Sousa
e agitou o ambiente social, como o fez em todos lugares por onde passou e
viveu, o bacharel e poeta João Bernardo de Albuquerque, um nosso conterrâneo
das barreiras do Rio do Peixe, nascido ali na cidade irmã São João, nomeada
depois Antenor Navarro, voltando atualmente ao topônimo do passado, da sua cristã
origem: São João do Rio do Peixe.
Em Sousa ele se
fez importante, necessário, requisitado, em ações no tocante a elevação do
nível social e de funcionamento de instituições civis e públicas que compõem o
cerne da sociedade. Jurista de formação na Faculdade de Direito do Recife, famosa
nacionalmente, marcou época – como o fizeram Castro Alves e outros notáveis
numes das letras brasileiras, impondo regras de comportamento seguidas pela juventude
boêmia e culta que frequentou aquela renomada escola do direito, alegrou e
destacou a vida cultural da metrópole pernambucana.
João dava
destaque às festas locais com a sua presença. Não ficava no “sereno”. Até tiros
trocou com outro advogado numa rua central da cidade. E construiu a mais bela,
moderna e funcional casa da cidade, ofuscando o bangalô do rico Ulisses Barros
e os sobrados senhoriais de Emidio Sarmento e de Otacilio Sá.
João era um
homem de estatura alta, de ideias altissonantes, casado com uma mulher também
alta, que se mostrava sempre ao seu lado e eram avistados de longe, mais ainda
pela elegância do traje, o perfume francês que rescendia por onde passavam. Valia
a crônica da sua vida, o ímpeto de suas atitutes.
Uma parentela
de sua esposa, pessoas destacadas, veio morar em Sousa, construíram casas
também em estilo moderno, fizeram nascer uma rua cha-mada nobremente Rua das
Princesas, escondendo o despeito local. Estabeleceram-se com lojas comerciais
no ramo de tecidos e sapatarias, muito frequentadas. Nas tardes sertanejas as
mulheres sentavam em rodas nas cal-çadas, deslocavam-se em troca de visitas de
uma para outra residência, eram espionadas, invejadas.
Esses
recém-chegados eram cearenses do Iguatu, e permitiram, sertã-nejos como nós,
franco congraçamento entre a população dos dois burgos, a elite propriamente.
As orquestras de baile se visitavam em festividades concorridas, muitas
famílias uniram-se pelo casamento e os seus descen-dentes andam pela ruas,
moram nas fazendas. Deu até preso no Golpe de 64, João Amílcar, estimado por
todos, casado no povo de Napoleão do Forno Velho.
Mudando-se o
jurista e poeta para morar na capital, pelo exercício do cargo público, foi
vendido o palacete – luxuosa mansão −, ao
benemérito sousense João Virgínio de Sousa, o conhecido João Cazé, estimado
fazendeiro de família numerosa, sendo com o seu falecimento, demolido em razão
do inventário e pela valorização do
terreno dada a sua extensão e valorização.
Deixo que falem
sobre João Bernardo − o poeta, o homem de gênio −, intelectuais de renome nacional, e indico as fontes facilmente
acessíveis nas páginas da nossa saudosa revista “Letras do Sertão”, disponíveis
no meu site Prosa Caótica na internet, no CCBN e com alguns amigos a quem doei,
gravados em DVD a coleção completa dos exemplares. Disponho de outros, que
posso pre-sentear aos que me solicitarem.
Começo com a
transcrição de texto de Mauro Mota, mestre do jornalismo, da Academia
Pernambucana de Letras, que vale pela verdade testemunhal da convivência.
(contnua)
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